quinta-feira, 26 de maio de 2016

O mundo não vê






Não nasci ao acaso,
Nem o acaso me trouxe até aqui
Percorro um caminho que ainda
Não sei onde vai dar,
Janelas abertas,
Portas abertas,
Cabeças!
O mundo não vê
indiferente ao sofrimento que passa,
Olhos vendados, 

Lábios mudos
Não há algum grito,
Não se escuta mais a dor que passa
Já não importa
Que vida, meu Deus!

Crianças em sua tênue inocência
Brutos invadem suas almas
Flagelam pobres coitados
O mundo não vê

A lua chora
O sol arde irado
O mundo não vê

A fome maltrata
Corpos doentes,
Retrato da violência
Janelas abertas,
Portas abertas
Cabeças
Olhos vendados
O mundo não vê
Não se faz nada

Maria chora
Pobre anjo dilacerado
Velhos não suportam o peso da cruz
O tempo jaz
Verdes mares, esperança
Quando?
O mundo enlouquecido não vê
Não se escuta mais os gritos
Não se dá mais atenção
O mundo cansado,
Vencido
Não se luta mais
Oh! Famigerada violência

Desertos
Olho em volta, nada!
Janelas abertas
Portas abertas,
O mundo fechou
Um vazio
Cabeças sumiram no pó
A terra escureceu
Num grito de dor
Que posso fazer?
Choro!

Sopra um vento
Um fio de esperança
Quem sabe
Bons tempos virão...
 

Angella Reis 

*escrito em 2004 em algum lugar do passado

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