De
repente a gente acorda e decide dar um novo rumo à nossa vida. À busca daquele
projeto tão sonhado e que fora alimentado há anos, aparentemente esquecido, ou
adiado em razão de determinadas circunstâncias. Chega um momento que tudo
parece fora de lugar, que não mais se encaixa, como se tivesse faltando um
pedaço; ou se enquadra, como uma fotografia velha num ambiente arrojado. O
tempo passa, o mundo se transforma. A gente muda ou sente a necessidade de
mudança. Todo dia é novo. É a vida em movimento, nos pedindo abre alas. Então,
a gente decide abandonar as roupas usadas, sentir outros ares, redescobrir-se,
se vestir do novo que virá. E segue na contradança dos passos, engrenados por
desejos, indo ao encontro de nós mesmos, em busca de respostas para nossas
inquietações. É obvio que ninguém tem a fórmula certa, uma bússola que indique
qual o melhor caminho ou a escolha perfeita. Talvez, tomar aquele percurso, pegar
àquela estrada, não seja a decisão mais acertada, mas se não nos movermos nunca
saberemos aonde chegar. Adentraremos tão somente no campo da imaginação, presos
ao nada, aquém das realizações, frustrados por não termos a coragem suficiente para
ir além.
Às
vezes nos acovardamos... Tememos dar o primeiro passo para o desconhecido. É
muito fácil e cômodo viver àquilo a que estamos habituados, sem os riscos, sem
as mudanças que nos assustam. A palavra
de ordem é travessia. Afinal, a vida é uma passagem, um bilhete premiado
que nos permite viagens no tempo e no espaço. Um caminho, um trecho onde atravessaremos
pontes, rios, mares; Percorreremos estradas e labirintos infindáveis. A vida
não para. Ela segue, o tempo passa, e é da natureza ir em frente, não
estacionar no tempo, porque nada é permanente, tudo é passageiro. Somos
passageiros etéreos dentro do temporário. É preciso enfrentamento, não fugir,
seguir adiante, estar preparado e sempre pronto para o próximo salto. Vencer o
medo. Esse medo que nos paralisa, que nos impede de alçar voo, de viver a fundo,
nos satisfazendo com a superfície, com o que é possível de ser alcançado.
Esteja
aberto, deixe-se levar, conduzir em passos de (mu)danças, através delas nos
trasladamos. Atravessemos.
Angella
Reis