domingo, 17 de março de 2013

“A vida é uma tarefa dada por Deus a nós mesmos”





“A vida é uma tarefa dada por Deus a nós mesmos” – ouvi essa frase sendo pronunciada por um estudioso de teologia. Não gosto de pensar na acepção obrigatória do termo, porque, ainda que possuir uma vida em mãos imponha certa responsabilidade, jamais deve ser vista, nem pautada, como algo pesado, um curvar de ombros que dificulta a caminhada.  Mas, o que ele basicamente quis expressar foi que temos o dever de administrá-la da melhor maneira possível como a uma missão que nos foi confiada. Atender aos anseios do Pai, dar o máximo de si para concretizar os sonhos que Ele projetou para cada um.

A verdade é que, muito embora um pai deseje o melhor para o filho, sempre estaremos tendentes a atender nossos próprios anseios, sonhar e buscar nossos sonhos, muitas vezes tateando no escuro, entre erro e tentativa, noutras tantas andando em círculos ou pegando estrada completamente adversa. Ops, não era por aí! Errar é da essência humana. Não importa se criança, adolescente, jovem, adulto ou ancião. Muitas vezes por pura ingenuidade, inexperiência ou por conta dos cabeças-duras que somos. Insistimos em algo que vimos de cara que não ia dar certo. Teimamos em trilhar aquele percurso esfarpado correndo o risco de nos machucar. Fazemos ouvidos-moucos a qualquer advertência. Ignoramos os contratempos. Fechamos os olhos e nos entregamos a toda sorte de viver.  

Em tese, somos frutos das nossas escolhas, daquilo que elegemos. Digo, por via de regra, porque o que nos acontece é resultado não só do que traçamos, planejamos, nos deixamos levar, enfim vivemos. É decorrente também da presença ativa e passiva de demais atores que contracenam no mesmo palco, que por acaso, ou não tão por acaso assim cruzam nossos caminhos, pegam carona na mesma estrada. Pensando assim, nossas escolhas de algum modo interferem na vida do outro. Refletindo sobre isso, a vida que nos foi concebida, que acolhemos nas mãos como uma tarefa a cumprir, um papel a desempenhar, requer muito mais cuidados. Mais direcionamento e ponderação.  Daí vem o questionamento: o que estou fazendo com minha vida, com o presente que me foi dado?  De que modo estou interferindo na vida do outro? É sempre bom repensar e avaliar a direção dos nossos passos.  Espreitar na linha do horizonte o rumo que estamos dando à nossa história. E sempre que necessário recompor, reconstruir, recomeçar.  Se precisar voltar, volte. Se for pra seguir, então que siga. Não importa se errou, se perdeu, se fracassou e inúmeros tantos se. Durante a nossa existência teremos acúmulos de erros e acertos, perdas e ganhos, encontros e desencontros, chegadas e partidas. É um processo de amadurecimento e aprendizagem.  O importante é o que fazemos com tudo isso, com nossas experiências.  No final é o que conta. Que nunca paremos de tentar, insistir e persistir. De fazermos o melhor. Buscarmos o melhor. E que o nosso melhor jamais seja o pior para o outro.

_ Angella Reis
  

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails