quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Não espere



 
 

Não devemos esperar do outro. Atribuir-lhe responsabilidades pelas expectativas que nele depositamos. Começamos errado quando agimos assim. Cada pessoa é um ser único, com suas histórias, dores, alegrias, manias, medos, desejos e sonhos. Como atribuir a alguém algo tão complexo; se não conseguimos atender, deveras, nossos próprios anseios? Quando não temos para conosco o cuidado necessário, a atenção devida? E tantas vezes nos boicotamos, por razões diversas e até então desconhecidas, por medo ou pelo desejo inconsciente de voltar ao útero, de retornar a origem primeira das coisas. Um lugar onde possamos nos sentir seguros, sem as cobranças diárias, nossas, dos outros. Que possamos apenas ser. Mais nada.

Não, não espere!

Não espere o amor que foi dado. O amor foi dado porque você deu. E você deu porque o amor era seu. E será sempre seu, meu, nosso. O amor dado é também doado, e amor doado não espera ser retribuído, porque quanto mais amor se dá, mais amor se tem. E não se pode querer mais ainda o que já transborda em você. E se transborda é porque te basta. O amor basta a si mesmo. E se basta, é combustível. E se é combustível, movimenta-se. E se movimenta, pulsa. E se pulsa, vive. O amor vive em si mesmo.

Não espere, mas a gente espera. A gente espera que o Outro também nos ame. E se isso não acontece de imediato, a gente reza que venha a acontecer. A gente espera que o Outro também se encante. A gente espera retribuição da atenção que foi dada. A ternura e o carinho dispensados. A gente espera que o Outro ligue pra gente, se a gente também ligar. Ou que ligue se a gente não ligar.

A gente não só espera do Outro, a gente espera o Outro. A companhia num fim de tarde de céu azul. Caminhar de mãos dadas (na praia, no parque ou em qualquer lugar). Contemplar o mar. Ver o nascer e o por do sol. Contar as estrelas no céu. Admirar a lua. Enroscar-se debaixo do cobertor assistindo àquele filme desejado. Ouvir juntos uma boa música. Jogar conversa fora. Trocar idéias sobre livros. Ir a museus, teatros e cinema. Fazer uma viagem, com direito a viajar dentro da própria viagem. Compreensão nos dias e horas difíceis...

 A gente espera, mesmo sabendo que não deve esperar.

 

Angella Reis

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Aprendendo a viver







Em minha pele está cravada cada uma das minhas histórias. E há tempos que aprendi a não travar batalha alguma para arrancar nada de dentro de mim, porque cada momento que vivi faz parte do que hoje essencialmente sou.

Aprendi a fazer as pazes com o passado. A aceitar sem culpas cada ato falho. A rir de alguns tropeços, a levantar depois de cair, a chorar quando doeu ou mesmo se não doeu tanto assim, por sempre dramatizar demais; A me perdoar por errar ou repetir os mesmos erros, por achar que seria diferente da próxima vez, por pura teimosia e/ou insistência de ser feliz. A não chorar quando tinha que ser forte. A remar para o barco não virar. A me equilibrar numa perna só. A sorrir quando era só tristeza dentro de mim. A ter fé quando o solo ameaçava ruir. A ficar de pé quando as pernas fraquejavam e pediam o chão. A voar. A voar, eu voo sempre.

Aprendi isso porque o passado não muda, permanece intacto lá atrás e você pode decidir vê-lo como uma bela escultura, com todas as características que o torna singular e especial, ou como uma imagem a lhe consumir.

Aprendi a lidar com o passado porque só assim eu pude ver a beleza do presente. A olhar com ternura quem estava à minha frente e ao meu lado. A me permitir, a deixá-lo entrar e aconchegar junto ao peito, sem medo de ser feliz.

A casa do coração está aberta porque não se deixou aprisionar ao que ficou. Como um pássaro em voo, aprendi a viver e aproveitar a beleza e plenitude do instante. Em minha memória permanece àquilo que se fez Presente em mim. Que seja belo, que seja doce, tudo o que vier. Desejo boas notícias!

Angella Reis

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