sábado, 24 de dezembro de 2011

É Natal




É Natal. O badalar dos sinos ressoa misturados aos sons dos corações que tocam em uníssono. É chegada a mais bela data de todos os anos. A mais pura e singela beleza emoldurada pelo brilho do amor que paira sobre nós. Época que todos se dão as mãos e elevam o olhar numa única direção, à estrela guia esperança. E, neste dia tão especial que o Verbo Amor se fez Carne entre nós que possamos antes de qualquer coisa agradecer a Deus, ao nosso Papai Noel Maior pelo presente chamado Vida. Afinal que data melhor pra se fazer isso senão no dia que se celebra a vinda, o nascimento do menino Jesus? É com o olhar de quem ama e de quem espera o melhor que vida pode oferecer (porque a Vida é assim além de ser Flor da existência que nos foi concedida com muito amor, como maior e mais belo Presente, ela própria nos presenteia a cada passo, a cada descoberta. A vida é presente constante) que meus desejos tremulam ao vento pedindo a Deus que o Espírito Natalino, essa íntima relação entre todas as almas humanas iluminadas pela Luz Divina, perdure não só nas noites de Natal, mas durante os 365 dias do Ano. Que a Vida se refaça e se renove em cada um levando embora todas as dores (mágoas, rancores, tristezas e angústias). Que as energias positivas somadas e irradiadas neste dia deem um colorido maior aos dias que virão. Que o fogo do Amor aqueça e envolva a todos com ternura e afeto. Que sejamos mais entrega e doação. Que a semente da Flor de Amor plantada hoje floresça e que a alegria, a bondade, a harmonia, a fraternidade e a paz se façam sempre presente. Amém!

Desejo um dia recheado de coisas boas, de abraços e sorrisos sinceros e muito, muito amor. Feliz Natal a todos! Paz e Bem! =*

[Angella Reis]

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Apelo




Papai
Ao olhar teu retrato
Tenho saudades profundas
De coisas comuns
Dos breves e longos momentos
Em que estivemos juntos
Das boas risadas
De ouvir tua voz
Chamando-me
Cheio de ternura
Sonhar com você
É viver outra vez
Um passado que não volta mais.

Recordo aquele trágico instante...

A lei sem nome
Bate à porta
E pede que abra em
nome de tal lei.
Que Lei?
Em nome de poderes?
Do uso desmedido da força?
Da força de armas em punho
Do império de homens maus
Que não são felizes e
Nem trazem felicidade?
Que se dizem no devido cumprimento do dever?
Que dever?
Acaso há dever sem Lei?
Sem mandado?
Não! Não devo conter meu grito
Não posso calar a voz que palpita
Em meu peito aflito, ferido.

Escuta, escuta este apelo em versos livres
Fecha os olhos e sinta
A lâmina cortante em minha alma
A dor lancinante que senti
Ao presenciar a seqüência de atos
Brutalmente executados
Que fizestes papai?
E se fizestes?
Por acaso algo descomunal
Que pudesse acarretar o mal sofrido?
Acaso, é direito ceifar a vida de alguém com bases em futilidades?

Vige um tempo de ruínas
Em que o descrédito na lei ameaça tolher-nos
É certo sentirmo-nos intimidados com a própria polícia?
Que assusta, que amedronta
Não! Quero acreditar que a Justiça existe
E, faz morada na paz,
E é de lá que surgem
Os desejos, as emoções,
De todas as crianças,

Quero crer que onde há sociedade,
Aí há justiça

Quero crer que o direito de exercer a força
Não pode ser superior à força do direito
O direito que vem das minhas entranhas
O direito que clama o meu pequenino ser,
Implorando o devido cumprimento do dever

Não! não quero crer que a impunidade seja vivenciada
Quero crer na paz social, na ordem pública e na aplicação da lei
A lei com nome.
A lei que é lei
E fazer jus ao suor das minhas lágrimas.


Angella Reis



*Poema inspirado em fato verídico, na dor de uma criança ao presenciar cena de violência policial perpetrado contra seu pai.

Ps.: Sem querer macular a classe que tbém é composta por homens sérios e de excelência profissional.


"Gosto da brisa que acaricia ou a lufada forte que joga para trás e impulsiona para frente. De sentir o sangue ferver e a adrenalina subir a mil. Do sopro que realimenta e faz encher e transbordar de existência"

[Angella Reis]



"E mesmo com meu olhar distante lembro de você a cada instante"

[Angella Reis]



"(...) A bem da verdade era o descompasso do meu coração ribombando ao compasso de uma sinfonia musical orquestrada por arcanjos. Sintomas, talvez, de amor, saudade e uma pitada de esperança ao rever o bem amado"

[Angella Reis]



"É assim que me encontro, desabrochando, amanhecendo, se dando para a vida, talvez ainda num caminhar incerto, mas o tempo é feito de incertezas, de vacilações, e é desta forma que sou, inconstante, feita de metades e incompletudes que se complementam e se inteiram entre si. Mulher de fases!"

(Angella Reis)



"(...) A vida não foi feita para se economizar, por isso gaste-a, Viva, sem medo, ou terá ficado, para sempre, às margens de si mesma ... Para sempre é muito forte!" (Angella Reis)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Encontro



Há muitos ao redor desejando a visão do paraíso, o modelo de anjo que se faz sol, mas à minha frente há apenas um. Todo o resto são rostos e vozes desconhecidos na multidão. À nossa volta um círculo formando um elo, nossos olhos se cruzam, baixo os meus para evitar o choque elétrico. Os lábios dele sorriem levemente e eu me pergunto se o motivo é por estar a escutar o descompasso do meu coração. Caminho até o portão de desembarque onde me espera com um sorriso de boas vindas!

Como poderia imaginar que depois de anos o que fora partida tornar-se-ia encontro, não marcado, mas predestinado, previsto na janela do tempo. Parafraseando Caio Fernando Abreu: ”O que tem de ser tem muita força”. É tipo não poder afirmar categoricamente, dessa água jamais beberei porque por mais que nossos atos sejam determinantes há sempre algo que nos escapa, foge do nosso controle. Você pode fazer planos de viajar por outros ares e no percurso, ou antes, de concretizar a idéia, haver uma mudança brusca que te leve a outro lugar e lhe apresente ‘o chamado: inesperado’, exteriormente, porque no recôndito, no fundo, fundo mesmo, há infinita espera, ainda que inconsciente, perdido, esquecido, guardado ou adormecido em algum lugar, talvez em gavetas de desistências. Há coisas que não valem à pena persistir e há coisas que não são permitidas, porque vieram desencontradas, ou nem tanto assim, visto que tudo tem o momento certo. Porventura, todos os caminhos por quais trilhamos, estão traçados na palma das nossas mãos, e, quiçá, marcados nas calçadas invisíveis do espaço que se cruzam e por vezes se entrelaçam em tantas outras. Num emaranhado algumas dão nós, outras se tornam laços, feitos e desfeitos.

E agora essas linhas nos puxam ao encontro um do outro como se estivéssemos atados a um anzol, fisgados pela boca, vontade de devorar o que já consome, os olhos afoitos suplicam, mas os passos são comedidos como a temperar dentro do peito a emoção. À espera das horas.

Milagre é ver o impossível se realizar a cada instante.


Angella Reis


*Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

domingo, 11 de dezembro de 2011



"Basta que eu queira, e eu quero Meu Deus! Eu quero experimentar novamente a doçura da graça que passa. O calor ardente do sol, o perfume que paira na atmosfera e embriaga. Ouvir o riso das estrelas, o sorriso misterioso da lua e se deixar contagiar. Permitir o vento levar as asperezas que atravancam o caminho. Florescer! Entregar-se e entregando-se não sentir-se metade, não ficar partida, mas inteira e plena, como plenos devem ser os dias"

(Angella Reis)



"É como uma árvore criou raízes fundas dentro de mim. Os galhos atravessam, crescem para fora, me abrigam e eu me deito à sua sombra.”

(Angella Reis)



"Contemplou a garota que olhava para ela e ela por sua vez mirava a imagem refletida. Mirou-se mais uma vez e gostou do que viu"

[Angella Reis]


"Não sei se você é tudo isso que imagino, que deixa transparecer tanto em ti, só sei que é o bastante para te querer"

[Angella Reis]



"Não quero parar no meio do caminho, quero continuar a seguir em frente"


Angella Reis

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Memórias da infância - Ser criança



“Quando eu era pequeno
Tudo ficava perto,
Pertinho para chegar ao céu
Bastava uma subidinha,
O sonho me alcançava
Para ir tão longe como queria,
Quando eu era pequeno
Eu sim podia
Eu sim podia” (Silvio Rodriguez)



Sábado de aleluia, casa cheia, familiares, amigos, crianças correndo pra lá e prá cá. A mesinha da sala de estar estava repleta de álbuns de fotografia, todos remomeravam o passado. Burburinho, algazarra, saudades de quem já se foi... E as crianças correm a brincar como se o tempo tivesse parado ali. Vivem como ninguém a intensidade do momento. Passo a observá-las. Quanta sabedoria há numa criança. Meu desejo é estar com elas, a criança que há em mim. Elas sim sabem viver. Os adultos deviam se espelhar nas crianças. Deviam ser como as crianças. O adulto quando discute, briga com alguém, geralmente não perdoa. A criança em sua mais tenra sabedoria se desentende com o coleguinha, no segundo seguinte esquece, e logo torna a brincar de novo, dar as mãos. Hoje,

já adulta, ainda sinto a criança em mim, talvez devido à minha sensibilidade, e como bem diz Rubem Alves: “Como os salmões, que deixam o mar e voltam às nascentes, os poetas desejam voltar às suas origens. É lá que mora a verdade que os adultos esqueceram. Fogem da loucura da vida adulta. Buscam reencontrar a simplicidade da infância. E no meu poema mãos dadas, eu busco um pouco disso, desse efeito que o ser criança nos causa...


“De mãos dadas
Corriam entre os campos
Com um sorriso de orelha a orelha
Subiram numa escada que dava para o infinito
Pousaram o ouvido nas nuvens
Saltitaram pelas estrelas
E voaram nas asas do vento
Suas risadas ecoavam por todo o canto
E enchiam de paz e ternura
O coração de todos os seres do universo”



E assim, ao observá-las, todas as memórias da minha infância me vêm à tona uma a uma... Quando eu era criança sempre sonhava que tinha uma nave espacial e que salvava as pessoas do mundo inteiro... Hoje, percebo que são as próprias pessoas que estão destruindo o planeta e a si mesmos. Eu poderia reavivar agora cada memória, de todas as brincadeiras da infância, da passagem pelo coral das crianças na igreja São Francisco de Assis, de todas as histórias... Mas inúmeras seriam as horas. Muita coisa nos marca na infância fica dentro de nós. Lembro de um rapaz que desmaiou na rua em que eu morava. Muitas pessoas se amontoaram ao redor, mas não tiveram coragem de se aproximar, alguns cochichavam “pode ser alguma doença, ou não sabemos de quem se trata”. Minha avó materna colocou a cabeça dele no colo, deu-lhe algo para cheirar e quando ele voltou a si, o fez bebericar um copo de leite. O desmaio dele era fome. Ele tinha fome de comida, esperança e solidariedade. Mas nesse dia ele encontrou. Ele estava de passagem, era de outro Estado e precisava ir ao encontro de sua mãe, mas não dispunha de recursos. Minha avó, minha mãe e algumas mulheres do bairro puseram-se a arrecadar uma quantia suficiente para que o mesmo viajasse sem maiores preocupações. Nesse dia, o viajante dormira em uma das casas de minha família na qual eu lecionava. Eu tinha onze anos, inda menina. No dia seguinte, fui encarregada de levar-lhe a refeição matinal. Ele estava desenhando na lousa, era JESUS. Meus olhos encheram-se de lágrimas. Ele olhou-me e disse: “Um dia vou voltar para agradecer”. Foi num ambiente assim que cresci. Pai, mãe, avós, irmãos, tios, primos, união, amor e preocupação com o próximo.

“Aquilo que os adultos esqueceram e que a sabedoria busca – as crianças sabem. Ser criança é ser sábio” (Rubem Alves)


Angella Reis


”Não quero criar expectativas quanto ao que me espera, cansei de ilusões. Quero a plenitude daquilo que ainda não sei. Quero o inesperado batendo à minha porta. Algo bom, na fé! Não importa o que, só que seja bom”

[Angella Reis]



"É preciso ter um olhar demorado sobre tudo, olhar como se fosse à primeira vez. Há beleza em cada mínima coisa, é possível ver e sentir quando se caminha de mãos dadas com a poesia"

[Angella Reis]



Do que me veste, me dispo e doo, tudo o que me torna o que sou.


Angella Reis



Não precisávamos dizer muito. Dizíamos tudo nos pequenos gestos e olhares mudos.


Angella Reis



Todas as coisas são feitas de pequenas partículas, nossa vida também é assim. Pequenas, grandes coisas.


Angella Reis

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Na medida certa



É de praxe desejar encontrar a nossa cara metade, ou como se diz por aí, a metade da laranja. Embora sejamos inteiros, vez ou outra, sentimos como se tivesse faltando um pedaço, alguém que nos complete, ‘O encaixe perfeito’ (na medida das suas imperfeições). E aí nosso imaginário começa a voar e a gente passa a idealizar aquele cara (ou garota) do tal mundo onírico, mas o inesperado bate à porta e apresenta alguém que você jamais pensou conhecer e/ou gostar e se vê em meio a um turbilhão de emoções que te faz perceber: É Ele, aquele que faltava (ocorre, no entanto, que por ter a mulher uma imaginação fértil e aflorada muitas vezes imagina-se apaixonada, um tipo de ilusão de ótica ou de idiossincrasia, e é tão forte que acaba por acreditar nisso. É como se o homem transasse e engravidasse-lhe o pensamento e ela deixasse de pensar, só sentir, sentir, mais nada. Passado o transe e a mistura de sensações neuro-sexo-(i)lógicas, quando vai perceber não sentiu foi nada ou sentiu mais do que devia). Então, diante daquele achado não resisti e decide tê-lo ao seu lado sem se importar com possíveis defeitos e rezando por sua durabilidade. O efeito que a coisa provocou foi tão grande que não se preocupou em verificar se realmente era a tampa que faltava. Como saber? Como saber por onde anda aquela metade inteira que se encaixa perfeitamente em você (alma, corpo, coração) se temos a constante mania de se perder (oh, mas também é exercício de aprendizagem e que deveras não se aprende nunca), perdemos o prumo, perdemos o rumo.

Viajando pelo mundo das idéias e analisando racional, inteira e detidamente sobre metades que se completam, toda mulher deveria fazer um test driver antes de levar para casa seu possante, não para tomar conhecimento de direção (óbvio) e/ou manuseá-lo - isso é coisa que se aprende com o tempo, ainda que possa, algumas vezes, sair desgovernado – mas para medir o nível de confortabilidade: se tem o tamanho ideal para comportar todo o espaço e demais funcionalidades do produto. A falha na observação causará desconforto, desprazer, angústia, carência, raiva, sensação mórbida de que o problema está com você e demais neuras que varia de pessoa para pessoa, não necessariamente nessa ordem ou concomitantemente. Sem contar que pode gerar inúmeras dores de cabeça (ainda que presumivelmente inventadas), isso sem falar em possível dor real, daquelas que vem do útero, como se uma navalha cortasse-lhe as entranhas (como o efeito inverso do sapato). Isto porque a mulher também tem suas medidas o que denota que não tem essa de vantagem ou desvantagem em relação a tamanho como se propaga por aí, ainda que se afirme em possível elasticidade. Mas como a gente não vai sair por aí pegando e/ou provando tudo, isso é coisa que fica só no campo da imaginação (mas bem que se poderia antes de consumar a escolha e se meter em qualquer furada pedir para ver a documentação, tipo uma questão de segurança). Tá, longe de mim a banalização (bom seria maior preservação de ambos os sexos, sim ambos, não me venha com essa que neste aspecto somos desiguais, e, portanto, devemos ser tratados na medida de sua desigualdade), mesmo porque não é a coisa mais importante numa relação e creio haver possíveis maneiras de contornar a situação. Compensar os excessos ou a falta que só um abraço doce e quente Pode proporcionar em meio a afagos e carícias preliminarmente concedidas.

A verdade é que observando todas as coisas belas e dada a sua perfeição, a forma e harmonia como se inteiram, toda pessoa deve ter um par (de asas) perdido ou achado por aí nesse mundão de Meu Deus! Daí a gente espera, não espera, pega estrada, segue o curso, corta caminho ou roda como numa ciranda, muda o rumo, erra/acerta o passo e cruza com alguém que nos faz experimentar sensações até então desconhecidas porque vindas de um jeito novo. Que nos faz delirar, provocar uma sinergia, um descompasso em meio ao calor trêmulo dos passos, o desejo ardente de perde-se naquele abraço, embriagar-se de beijos, fundirem-se entreolhares e entregar-se com paixão. O novo, vestido de flores, sol e sorrisos, tecido de algodão bordado de carícias e coração. Doce como algodão-doce e leve, com a leveza que só as plumas tem. E mesmo banhado de chuva é como um beijo cítrico molhado que te aquece ao tempo que provoca arrepios. Deseja vesti-lo, sentir colado à pele o teu avesso, o vestido mais perfeito, e reza para que te caia bem, que te vista como uma luva, que se encaixe perfeitamente em você, na medida certa do/para o amor, sem mais.


Angella Reis

Mimos da Ana




Repasso para todos os meus amigos que acompanho e que me seguem.
Com carinho. Todos vcs merecem ;)



* A primeira vez que olhei a página da Ana me apaixonei de cara. Tudo lá é feito com muito esmero, a gente sente o coração pulsando em cada linha, em cada postagem. A maioria dos textos mexem muito comigo e é como se tivessem feitos para mim. Lá eu me encontro. Ana é uma mulher intensa, apaixonada e apaixonante. Sabe perceber as belezas de cada detalhe que muitas vezes passa despercebido. Sabe capturar o momento em apenas um click tornando ainda mais belo e inesquecível. Te admiro garota! =*

domingo, 20 de novembro de 2011

O mundo não vê



Não nasci ao acaso,
Nem o acaso me trouxe até aqui
Percorro um caminho que ainda
Não sei onde vai dar,
Janelas abertas,
Portas abertas,
Cabeças!
O mundo não vê
indiferente ao sofrimento que passa,
Olhos vendados, Lábios mudos
Não há algum grito,
Não se escuta mais a dor que passa
Já não importa
Que vida, meu Deus!

Crianças em sua tênue inocência
Brutos invadem suas almas
Flagelam pobres coitados
O mundo não vê

A lua chora
O sol arde irado
O mundo não vê

A fome maltrata
Corpos doentes,
Retrato da violência
Janelas abertas,
Portas abertas
Cabeças
Olhos vendados
O mundo não vê
Não se faz nada

Maria chora
Pobre anjo dilacerado
Velhos não suportam o peso da cruz
O tempo jaz
Verdes mares, esperança
Quando?
O mundo enlouquecido não vê
Não se escuta mais os gritos
Não se dá mais atenção
O mundo cansado,
Vencido
Não se luta mais
Oh! Famigerada violência

Desertos
Olho em volta, nada!
Janelas abertas
Portas abertas,
O mundo fechou
Um vazio
Cabeças sumiram no pó
A terra escureceu
Num grito de dor
Que posso fazer?

Sopra um vento
Um fio de esperança
Quem sabe
Bons tempos virão...


Angella Reis


"Agarre seus dias plenamente" (Do filme Uma mãe em apuros)






"(...) Sentiu um calor trêmulo a lhe percorrer o corpo. Havia algo mais forte que os prendia naquele instante, tentavam desviar o olhar mais não conseguiam como se fosse norte e sul de um dipolo"


Angella Reis





"Quantos meandros hei de percorrer para te encontrar e assim ver se também me encontro? E o suor do meu corpo dá-me todas as respostas que preciso no momento. Passeia-me, percorrendo curvas, subindo, descendo, montanhas, vales. Segue seu curso como um rio que corre para o mar. No silêncio do quarto só a respiração ofegante"

Angella Reis




"Invento o Amor todos os dias!"


Angella Reis




"Quanto mais se ama há o alargamento do coração, da capacidade de Amar a todos independente de qualquer coisa"


Angella Reis


'Que seja doce tudo o que tiver que ser'(CFA)




"Se não a vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas. Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela. Todo eu sou qualquer força que me abandona. Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio" (Alberto Caeiro – trecho do livro O guardador de Rebanhos)





“Quem sabe neste belo horizonte anil alguém queira me fazer companhia”.


Angella Reis





*Foto do paraglider Darlan Gonçalves - voo duplo em Sete Lagoas/MG




"(...) E desbravadores somos, mares adentro. O que nos guia? sede, vento, vela, sol luminoso, aurora dos dias, algo maior, profundo, silencioso, movimentos que nos movimenta, nos leva e trás, fronteiras e fronteiras, destino"


Angella Reis




"Todo dia era um aprendizado. Todo dia aprender a ser..."


Angella Reis



terça-feira, 15 de novembro de 2011

Permita-se



Não sei há quanto tempo não vôo, meus pés permaneceram por um longo período fincados ao chão como se tivesse chamuscado as asas. É estranho cortar os ares e ficar imóvel, não sair do lugar, não sentir o vento bater na cara, a agitar os cabelos, nem a provocar arrepios na pele, e por vezes pressentir sufocar como se o ar roubasse um beijo prolongado deixando-me ofegante. É curioso não sentir o coração na boca, nem se deixar transportar entre o verde e azul infinito, é tudo opaco, como se tivesse oco por dentro. Gosto da brisa que acaricia ou a lufada forte que joga para trás e impulsiona para frente. De sentir o sangue ferver e a adrenalina subir a mil. Do sopro que realimenta e faz encher e transbordar de existência. E cá estou afivelada, olhando a vida da janela...

Basta que eu me permita, eu sei, eu sinto que posso flutuar novamente entre nuvens, tocar a maciez do tecido algodoado e não afundar. Ser leve e não o peso do fardo que se carrega nos ombros. Expirar, Inspirar e se preencher de levezas. Vencer o medo de cair e/ou afogar ao alternar entre vôos e mergulhos profundos. Basta que eu queira, e eu quero Meu Deus! Eu quero experimentar novamente a doçura da graça que passa. O calor ardente do sol, o perfume que paira na atmosfera e embriaga. Ouvir o riso das estrelas, o sorriso misterioso da lua e se deixar contagiar. Permitir o vento levar as asperezas que atravancam o caminho. Florescer! Entregar-se e entregando-se não sentir-se metade, não ficar partida, mas inteira e plena, como plenos devem ser os dias. Olhar a vida do alto, ir além, ver e gostar de ir vendo tudo. Sentir pulsar intermitente no próprio seio o coração que brota na raiz da terra. Derramar-se e derramando-se ultrapassar as bordas, sem medo, na transversalidade da vida. Saber-se peça, parte do mistério que compõe a história no grande cenário onde todos nós desempenhamos um papel, nem menos ou mais importante. E nesse encontro de linhas que se entrelaçam, nesse jogo de peças marcadas, hei de encontrar o meu encaixe, àquilo que me encaixa. Basta que eu me permita. Que eu queira, e eu quero sim Deus tudo de novo, ainda correndo todos os riscos de não saber administrar as doses, nem compreender a posologia de forma, ignorar todas as contra-indicações como hipersensibilidade a qualquer componente da formula, mesmo assim arriscar a se perder, e ir perdendo, e ao encontrar ir se encontrando, outra e mais outra vez. Não!Não quero criar expectativas quanto ao que me espera, cansei de ilusões. Quero a plenitude daquilo que ainda não sei. Quero o inesperado batendo à minha porta. Algo bom, na fé! Não importa o que, só que seja bom.

Eu sei, é uma viagem sem volta com todas as voltas que o mundo dá. A vida não foi feita para se economizar, por isso Gaste-a, Viva, sem medo, ou terá ficado, para sempre, às margens de si mesma ... Para sempre é muito forte!


Angella Reis


*Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Madrugada fria


"...Se o seu lábio afagar a minha fronte

- Tão fervido vulcão!

E murmurar baixinho ao meu ouvido

As falas da paixão;

(...)

Talvez que eu encontrasse as alegrias

Dos tempos que lá vão,

E afogasse na luz da nova aurora

A dor do coração!"

(...)

Horas tristes - Casimiro de Abreu




Fazia frio naquele dia. Pingos grossos de chuva caíam do céu, talvez as nuvens também chorassem comungando a dor de Antônia. A sala estava repleta de pessoas que solidariamente estiveram presentes durante toda a madrugada fria. Alguns relembravam o passado, a vivacidade do falecido, amante da vida, de alma alegre, amigo de todas as horas, as festas em que o mesmo apresentava-se, exímio dançarino de samba de coco. De outro canto, o choro incontido, a dor da perda de uma pessoa tão querida. No ar o desespero daquelas pobres crianças que fatalmente perdera um pai tão cedo.

Antônia estava ali, o coração combalido, tristonho, mas sabia que precisava ser forte, a fortaleza dos seus filhos, mantinha-se então firme, atenta a tudo. Quando estivesse só poderia debulhar-se em lágrimas, dar vazão a sua dor... Sim precisava ser forte! A vida não seria nada fácil dali em diante, criar sete filhos, inda pequenos, seria uma tarefa um tanto árdua para uma jovem mulher, mas ela não tinha medo, a presença de Deus era constante no seu viver. Era uma mulher de fé. Já convivera com tantas perdas, o falecimento de sua amada mãe quando tinha apenas dez anos de idade e depois a morte de seu pai ainda na puberdade. Ficara órfã, mas não órfã de Deus, Ele sempre embalava seu sono e segurava sua mão.

– Pobre querido, amado meu. Chorava silenciosamente Antônia. Sentiria falta das noites quentes de verão, do seu tórax rente à sua pele a aquecê-la em dias de chuva. Das confidências, das trocas de olhares, da cumplicidade que os entrelaçava... Sentiria falta até das dificuldades enfrentadas juntos... Lembranças, lembranças... Agora a cama estava vazia, só o estampido do silêncio no quarto, sim o silêncio gritava. Estava assim, perdida em pensamentos quando fora anunciada a partida, a hora do cortejo final.

– Jaz meu amor, mas em meu coração o guardarei eternamente, entrego-te nos braços de Deus!


Angella Reis

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