sexta-feira, 3 de julho de 2015




Não sei qual o exato momento que despertenci de mim. Que deixei de ser inteiramente minha para também ser tua. Se à ocasião do nosso encontro, quando as linhas cruzaram-se no espaço, ou no instante que me perdi na curva dos teus lábios. Tudo é tão inexato. Não consigo equacionar a emoção que me faz sentir. Creio que fiquei completamente perdida, absorvida, quando o conheci. Tuas pupilas tragaram-me ao recitar-me os versos mais lindos. Já não era eu. Não era você. Éramos partes extensivas um do outro. Totalmente dissolvidos e entregues. E daí por diante,   engravidara-me de poesia, fez nascer palavra em mim,  resgatando inteirezas. E desde então sou, e desde então és.

Sempre retorno ao mesmo lugar onde o tempo parou: Àquela manhã entardecida de encanto. A alegria levantada. O céu em arrebol incendiando no horizonte. O universo conspirando a nosso favor. A proximidade dos nossos corpos. Tuas mãos repousando sobre minha pele.  Teu sorriso. Tua voz. Nossas conversas. A natureza esplêndida ao redor. A multidão.  Apenas nós dois completamente fundidos e fascinados um pelo outro. A flor do beijo lançado em despedida que ainda guardo comigo.  Os abismos provocados.  Asas em pleno voo...

Retorno, Amor, para que se repita a alegria do encontro, na tentativa de aliviar essa ausência sentida, essa saudade que me invade e arrebata o peito,  que me destroça a alma.  Por isso anseio que regresses logo, dessa viagem que o levou para longe de mim.  Te espero,  mas não demores.

Ps.: Beijo teus lábios como lembrança.  ♡

Angella Reis

terça-feira, 30 de junho de 2015

Viva e deixe viver



Imagine se você não tivesse direito à felicidade.  Não pudesse fazer escolhas e seus passos fossem sempre controlados. Se temesse andar nas ruas,  sob pena de ter sua integridade física ameaçada ou violada, face à diversidade de religiosa ou orientação sexual; como se não bastasse a discriminação/desigualdade racial, de gênero e classe social,  enfim. Imagine,  ainda, se propagassem a intolerância e fizessem campanhas com discurso de ódio,  conclamando idéias separatistas por pura incapacidade de aceitação. Imagine se tudo isso lhe causasse sofrimento e não suportasse o apedrejamento,  ser sempre apontado,  motivo de chacota e aversão.  Imagine se fosse visto como uma anomalia e quisesse deixar de ser você para tornar-se 'moralmente aceitável'. Imagine se não soubesse lidar com tais conflitos e num último estágio da dor cometesse suicídio. Imagine, ainda,  se conseguisse desenvolver a capacidade de resiliência,  mas fosse-lhe cassado o direito de viver, depois de sofrer na pele inúmeros abusos. Imagine que não tivesse direito de lutar por seus direitos e de se alegrar por suas vitórias, para não afrontar aqueles que simplesmente discordam. Imagine se não tivesse quem olhasse por você, apoiasse suas causas e vibrasse com suas conquistas.
Agora imagine o inverso. Um mundo mais colorido e justo,  onde reina a paz, o amor, a esperança; e o respeito ao próximo e às suas escolhas são tidos como primazia de interesse público.
Você não precisa concordar com tudo e ser condizente com o Outro.  Você só tem que deixar cada um viver a sua própria história. Afinal não nos foi concebido por Deus o livre arbítrio?  Viva e deixe viver. Viva as suas verdades e respeite as verdades alheias.  Um mundo melhor agradece.

Angella Reis

domingo, 28 de junho de 2015

No amor não há garantias




Se eu me entregar,  amanhã irá partir?
E se eu me apaixonar,  o depois como será?
Se me declarar, temerá a intensidade dos meus passos;  e crendo-me vulcânica e insana vai querer fugir?
E se uma parte de nós não estiver preparada
A outra metade fará todas as apostas?
E se eu me revelar?
E se você se revelar?
E se ficarmos com nossa nudez inteiramente exposta?
E se nos percebermos tão imperfeitos,
Ainda assim iremos continuar?
E se inventar um monte de histórias?
E se perder-se nas suas próprias mentiras?
E se você acreditar?
E se me fizer acreditar?
A verdade como será?
E se amanhã não for nada disso?
Se tudo for um equívoco,
Uma ilusão,  um engodo do coração?
O hoje valerá como lembrança?
E se formos fracos o bastante?
E por medo dos caminhos que levam ao amor,  tomando outro rumo nas mãos, nos afastarmos,
Você depois de mim como será?
E se tornarmo-nos estrangeiros em terras distantes,
Dois desconhecidos que partilharam no passado uma vida em comum,
O que farei na posteridade com a parte minha que foi tua?
E se o amor sucumbir?
E se...
E se...
Nada sabemos do que está por vir,  de como as linhas vão se desenhar no horizonte.  Nem da temporalidade do amor que teima dentro do peito.  Inquietante quando ausentes. Sereno quando totalmente entregue na segurança dos abraços. Só do tremor que nos dá diante da altura do abismo. Amar é enfrentar turbulências.  É equilibrar as asas diante da rebeldia dos ventos. Amar é arriscar-se. Um delicioso risco de perder-se para se encontrar. O amor é um salto no escuro à beira do precipício.

Angella Reis

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Quando o amor chegar



Quando o amor chegar não estará esperando. Encontrar-se-á em devaneios:  perdida na paisagem que acena no horizonte, enquanto o vento brinca de desarrumar teus cabelos, arrebatando-lhes sorrisos tão íntimos.  Poderá encontrá-lo em qualquer esquina ou ter a sorte de sentar-se ao seu lado durante uma viagem.  A mais bela travessia guardada na lembrança a perfumar os dias.

Quando o amor chegar não pedirá licença ou passagem,  mergulhará no teu oceano,  mexerá com suas estruturas.  Desejará atenuar o relógio do tempo para que não voem as horas, para que fique parado no espaço tão doce momento.

Quando o amor chegar te arrancará sorrisos cristalinos e brotarás como que florescida de encanto.  Tocará suavemente a tua pele e todos os muros desmoronarão. Já não haverá barreiras. Só o amor se fará caminhos no abraço que te refaças.

Quando o amor chegar escutará o som do coração e tua voz rouca penetrará no mais profundo âmago. Buscarás incessantemente a repetição da beleza. Eterno e terno regresso.

Quando o amor chegar, meu bem, te inaugurarás começos,  te reinventarás. Desaprenderás de si. Despertencerás.Um amor assim que ganha em se perder.

Estás perdida...


Angella Reis



Essa noite dormirás comigo
Deitarás sobre meu corpo
Sentirás o pulsar do meu seio
Seremos um só.
E quando a noite der passagem ao dia
Abrirei os olhos amanhecida de amor
Verei que tudo não passou de um sonho

Angella Reis


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