sábado, 10 de abril de 2010

Creio que foi o sorriso...




“Escrevia silêncios, noites
Anotava o inexpressável
Fixava vertigens” (Rimbaud)


Nada como um banho quente em tempos de chuva. Na banheira ervas aromáticas para relaxar, música ambiente ao som de Richard Clayderman. Hummm, precisava disso, a correria do dia a dia estava deixando-me um tanto que estressada. Lá fora chovia, mas chovia também dentro de mim. Lembranças da infância vieram-me à mente, das muitas vezes que minhas (meus) irmãs(os), primas (os), amigas(os) e eu brincávamos debaixo de chuva, correndo entre as poças para desespero das mães. Dos barquinhos de papel que pegavam corrida... Passada a nostalgia, hora de debruçar-me sobre os livros. Levantei da banheira e passei a enxugar-me, respingos de água salientes percorriam o meu corpo. Da janela do meu quarto apreciei por alguns instantes o tempo, o desenho das nuvens, os pingos de água que emanavam de lá, as folhas que caiam das árvores nesse inicio de outono. O vento que as levava para passear... Hora de concentração, de silêncio exterior e também interior. Fiz uma breve leitura de reconhecimento dos livros de direito processual do trabalho dos doutrinadores Sergio Pinto Martins e Carlos Frederico Zimmermann. Procurei ouvir o autor do livro que detinha em mãos, a linha de raciocínio... mergulhei na Organização Judiciária do Trabalho fazendo um apanhado dos dissídios ou conflitos de trabalho, a competência e a solução de tais conflitos. Retornando aos princípios esbarrei-me no princípio da verdade real o qual busca os caminhos da verdade, e a despeito desse tema mais ou menos interligado, pus-me a divagar...

Por que amamos quem amamos?! Questões filosóficas, sentido das coisas...

É sempre assim, a presença do sol é muito forte em minha vida, é um pedaço de mim que se foi, que marcou, e, qualquer coisa me faz relembrá-lo... É saudade que bate no peito, presença da ausência. Parafraseando Rubem Alves “Por vezes andar para frente é ficar cada vez mais longe. Os adultos andam para frente. Os poetas parecem andar para trás”. Sim, a saudade nos move, mas também nos impulsiona. Minha alma é movida pela saudade, do que vivi, do que não vivi, do que ardentemente desejo viver. E antes de viver, eu sonho. Eu sou feita de sonhos, sou feita de amor. Minha alma suspira, é o sol, à minha frente o seu retrato, que eu mesma pintei. Nele o que chama mais atenção é o sorriso, sorriso de alma de menino. E ai deparo-me com aquela mesma pergunta.

“Creio que foi o sorriso
O sorriso foi quem abriu a porta
Era um sorriso com muita luz
Lá dentro, apetecia entrar nele
Tirar a roupa, ficar nu
Dentro daquele sorriso” (Eugenio de Andrade)

Angela Reis (Luna)

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