terça-feira, 27 de setembro de 2011

Entre o sono e o sonho: amor desperto



Há tempos que meu coração me pede para voltar, é que a saudade é tanta, e às vezes lateja, fazendo reboliço mar adentro desejos despertos. Os sentidos parecem ficar ouriçados e eu passo a degustar o vermelho que o ardor da paixão me provoca. Ainda o sinto impregnado em mim por inteiro, grudado ao meu corpo como uma segunda pele. Por uma fração de segundos fecho os olhos esperando que a nuvem de pensamentos desconcertantes dissipe, mas continuam a sobrevoar. Olho no espelho retrovisor e a imagem refletida não sou eu. Mas o que estou a pensar? A verdade é que ando um tanto que indisciplinada, como se a obediência fosse meu forte! Não me deixo conduzir a nenhum comando, e o cérebro ousa me ditar ordens? O coração sempre falou mais alto, e isso é perigoso porque quase sempre comete loucuras. “Há sempre loucura no amor. Mas há sempre alguma razão na loucura”. Que o coração também não me diga o que fazer. Então a quem devo seguir? Não quero pensar em nada e não entendo porque de repente fiquei tão brava, acho que porque não gosto de sentir-me presa. E vejo-me assim em tal marasmo. Mas no amor há uma espécie de liberdade. Sei que tudo parece um pouco confuso, mas há que existir sentido no não sentido das coisas. “E há o amor. Há o amor que tem que ser vivido até a última gota, sem nenhum medo, não mata”. E eu o amo, e isso é o que importa...

De onde vem essa vontade súbita, esse impulso repentino de querer voltar? Há uma voz que não quer calar, sussurra baixinho no meu ouvido fazendo arrepios na minha espinha dorsal. Peguei estrada. E de repente o vejo, eu sou ele, e ele sou eu, fundidos numa luz incandescente, cobertor em chamas... Queria oferecer algo grandioso que pudesse proporcionar-lhe uma felicidade indescritível e gozar n’alma teus sorrisos de um coração terno amor desperto... Desperto, porque justamente agora essa palavra soou dentro de mim? Abri os olhos e me vi entre travesseiros e cobertores, entre o sono e o sonho, entre a loucura e a razão. Todos esses pensares deram-se enquanto dormia? Foi tão real e latente... E acordo justamente quando alcançava o estado agudo de felicidade, cenas dos próximos capítulos... Quantos meandros hei de percorrer para te encontrar e assim ver se também me encontro? E o suor do meu corpo dá-me todas as respostas que preciso no momento... Passeia-me, percorrendo curvas, subindo, descendo, montanhas, vales... Segue seu curso como um rio que corre para o mar... No silêncio do quarto só a respiração ofegante.

Que mania é essa de fazer acontecer, mudar rotas e não esperar pacientemente a sequencia natural de todas as coisas?! Não quero efeito borboleta.

Angela Reis


beijinhos ;)

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