terça-feira, 15 de novembro de 2011

Permita-se



Não sei há quanto tempo não vôo, meus pés permaneceram por um longo período fincados ao chão como se tivesse chamuscado as asas. É estranho cortar os ares e ficar imóvel, não sair do lugar, não sentir o vento bater na cara, a agitar os cabelos, nem a provocar arrepios na pele, e por vezes pressentir sufocar como se o ar roubasse um beijo prolongado deixando-me ofegante. É curioso não sentir o coração na boca, nem se deixar transportar entre o verde e azul infinito, é tudo opaco, como se tivesse oco por dentro. Gosto da brisa que acaricia ou a lufada forte que joga para trás e impulsiona para frente. De sentir o sangue ferver e a adrenalina subir a mil. Do sopro que realimenta e faz encher e transbordar de existência. E cá estou afivelada, olhando a vida da janela...

Basta que eu me permita, eu sei, eu sinto que posso flutuar novamente entre nuvens, tocar a maciez do tecido algodoado e não afundar. Ser leve e não o peso do fardo que se carrega nos ombros. Expirar, Inspirar e se preencher de levezas. Vencer o medo de cair e/ou afogar ao alternar entre vôos e mergulhos profundos. Basta que eu queira, e eu quero Meu Deus! Eu quero experimentar novamente a doçura da graça que passa. O calor ardente do sol, o perfume que paira na atmosfera e embriaga. Ouvir o riso das estrelas, o sorriso misterioso da lua e se deixar contagiar. Permitir o vento levar as asperezas que atravancam o caminho. Florescer! Entregar-se e entregando-se não sentir-se metade, não ficar partida, mas inteira e plena, como plenos devem ser os dias. Olhar a vida do alto, ir além, ver e gostar de ir vendo tudo. Sentir pulsar intermitente no próprio seio o coração que brota na raiz da terra. Derramar-se e derramando-se ultrapassar as bordas, sem medo, na transversalidade da vida. Saber-se peça, parte do mistério que compõe a história no grande cenário onde todos nós desempenhamos um papel, nem menos ou mais importante. E nesse encontro de linhas que se entrelaçam, nesse jogo de peças marcadas, hei de encontrar o meu encaixe, àquilo que me encaixa. Basta que eu me permita. Que eu queira, e eu quero sim Deus tudo de novo, ainda correndo todos os riscos de não saber administrar as doses, nem compreender a posologia de forma, ignorar todas as contra-indicações como hipersensibilidade a qualquer componente da formula, mesmo assim arriscar a se perder, e ir perdendo, e ao encontrar ir se encontrando, outra e mais outra vez. Não!Não quero criar expectativas quanto ao que me espera, cansei de ilusões. Quero a plenitude daquilo que ainda não sei. Quero o inesperado batendo à minha porta. Algo bom, na fé! Não importa o que, só que seja bom.

Eu sei, é uma viagem sem volta com todas as voltas que o mundo dá. A vida não foi feita para se economizar, por isso Gaste-a, Viva, sem medo, ou terá ficado, para sempre, às margens de si mesma ... Para sempre é muito forte!


Angella Reis


*Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

26 comentários:

Anônimo disse...

Oi Angela,

parece que esse querer é que calça nossos pés para seguir na estrada ainda quando encontramos algumas pedras, não é mesmo?

Adorei o texto.

Um abraço!

Ana Martins disse...

Tem selinho para você!

Bjoooos

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Querida amiga Angella!
O Medo muitas vezes atrapalha a nossa felicidade.
Pedras encontraremos sempre...
Empurre-as de lado e tente mais um pouco!
Permita-se!!!
Um beijo bem grande!
Mariangela

Lilá(s) disse...

Ao longo do caminho encontramos pedras de diversos tamanho, compete-nos sabê-las contornar da melhor maneira...querer é poder...adorei este texto
Bjs

Anônimo disse...

Olá Angela! Seja sempre bem-vinda ao meu espaço! Também gostei mto do seu! Seguindo.
bjs :)

She disse...

Olá! Vim lá do TT e gostei demais daqui, muito bom!
Beijo, beijo!
She

@sherimendonca

Desnuda disse...

Querida amiga,

Háaa menina você escreve bem demais! Escreve com verdade, intensidade, sensibilidade e muita beleza. Você pode, deve e merece!

Beijos com carinho

Anônimo disse...

olá querida
obrigada pela visita
eu tbm gostei muito do seu blog
estou lhe seguindo de volta
beijos

Pena disse...

Notável e Estimada Amiga:
Um belo texto de divagação do seu sentir excelente de pureza, encanto e beleza.
As palavras parecem que têm vida.
Tem um carácter que cintila com fascínio em todas as pessoas que a lêem.
Agradeço a sua visita linda.
Parabéns pelo seu talento gigantesco.
Beijinhos de pureza amiga.
Com respeito e sempre a admirá-la

pena

Bem-Haja, pela amizade.
É fabulosa. Adorei.

Pena disse...

Notável e Estimada Amiga:
Um belo texto de divagação do seu sentir excelente de pureza, encanto e beleza.
As palavras parecem que têm vida.
Tem um carácter que cintila com fascínio em todas as pessoas que a lêem.
Agradeço a sua visita linda.
Parabéns pelo seu talento gigantesco.
Beijinhos de pureza amiga.
Com respeito e sempre a admirá-la

pena

Bem-Haja, pela amizade.
É fabulosa. Adorei.

Paula Coelho disse...

Seu blog é lindo e tem muito conteúdo interessante..
sucesso!!!!!!!

Vanuza Pantaleão disse...

"Quero a plenitude daquilo que ainda não sei..."

Permito-me querer estar sempre próxima dessa tua leve e linda alma, Angella!
Maravilha! Um beijão!!!

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Boa tarde, querida amiga Angella.

Lindo, lindo!!
Você tem sede de viver, e isso é meio caminho andado. O nosso querer tem tanta força, que, isso tudo que você deseja será conquistado, trazendo-lhe muitas alegrias.

Que a luz divina seja a sua guia.
Desejo-lhe muita paz e felicidades.

Beijos.

Milla Pereira disse...

Adorei sua visita e ter vindo te ler, querida. EStou meio adoneada, com gripe forte, mas logo logo td voltará a normalidade. Bom ter vindo aqui, muito bom! Bjks.

Unknown disse...

Não dá pra voar sem tirar os pés do chão né...
Eu já tive medo de voar, não tenho mais, vou com tudo!

Você fala tudo de um jeito todo poético e sensivel. A gente entende tudo...e eu acho lindo demais!

Beijos querida,

bom final de semana!

Wanderly Frota disse...

Que maravilha de texto. Adorei a simplicidade e grandiosidade de cada palavra.
Tornei-me seguidora!

Zélia Gadelha disse...

Já me apaixonei pelo blog! A forma com que escreves, a emoção contida em cada palavra... Sabe aquele livro que tu compras e não contenta-se enquanto não ler até o fim... Já te acolhi com a alma, a boa leitura faz isso com a gente. Adorei! Voltarei certamente! Bjusss

Fátima disse...

Oi Angela,

Um texto belo, poético e tão humanamente cheio de nossas vontades que nunca cessam, o querer algo mais.
Gostei da tua verdade.

Obrigada pela visita, por aqui fico também.

Beijo meu

AquilesMarchel disse...

Quero a plenitude daquilo que ainda não sei


lindo lindo
cada linha

valeu pela visita
ja postei d enovo fiqueio mega feliz vi
bjão

Flor de Lótus disse...

Oi,Angela!Tenho muito medo disso de ficar as margens de mim mesma,de ficar perdida no tempo em volta as lembranças e coisas que foram,mas já não são mais...
Beijosss

Eduardo Cambuí Jr disse...

Oi Angela!!
Realmente... Muitas são as vezes em que bate aquela insegurança, que ficamos cheio de dedos com um medo de não-sei-o-que, até que boas oportunidades acabam passando por nós! Mas o tempo é um mestre e tanto.
Bjão!

Luna Sanchez disse...

Tão familiar, tão eu!

*-*

Adorei, Angella!

Um beijo.

Alexandre Lucio Fernandes disse...

Não dá pra se prender sempre. Mas não há como evitar esses enlaces, em que nos sentimos reféns de um medo aparente, uma inoperância perante a vida. Acontece.

O que não dá é pra ficar assim de modo intermitente. Renovar é preciso. Ou como o título diz, permitir-se.

Beijos!

By Me disse...

Gostei do texto e subscrevo as tuas ideias...arriscar sempre!!! Nada de linhas certinhas...corretas...sem descidas nem subidas...insípidas ...venha a tempestade quando tiver de vir e vamos enfrentá-la...com lágrimas, choro, dúvida ...desencantos ...que virá o tempo do verdadeiro encanto....ainda que não se eternize mas saibamos desfrutá-lo enquanto se demorar em nós....

Beijo grande

O Profeta disse...

Uma cama amarrotada pela passagem do amor
Lençóis que aprisionam o calor
Suspiros espalhados pelo chão
Uma imagem santificada sustenta o louvor

Uma pecadora ungida pela chuva
A sorte e a morte em bravata eterna
As ave marias que uma boca vomita
Para no céu ser, clemente a sua pena

Já não há xailes negros na ilha
Já ninguém liga a agoiros
O mar continua açoitar a costa
Deixando despojos, tesouros

Bom domingo

Terno beijo

Andréah disse...

Nossa! Amei este ...vc mesmo escreve?.....Bjus ;*

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