sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Na medida certa



É de praxe desejar encontrar a nossa cara metade, ou como se diz por aí, a metade da laranja. Embora sejamos inteiros, vez ou outra, sentimos como se tivesse faltando um pedaço, alguém que nos complete, ‘O encaixe perfeito’ (na medida das suas imperfeições). E aí nosso imaginário começa a voar e a gente passa a idealizar aquele cara (ou garota) do tal mundo onírico, mas o inesperado bate à porta e apresenta alguém que você jamais pensou conhecer e/ou gostar e se vê em meio a um turbilhão de emoções que te faz perceber: É Ele, aquele que faltava (ocorre, no entanto, que por ter a mulher uma imaginação fértil e aflorada muitas vezes imagina-se apaixonada, um tipo de ilusão de ótica ou de idiossincrasia, e é tão forte que acaba por acreditar nisso. É como se o homem transasse e engravidasse-lhe o pensamento e ela deixasse de pensar, só sentir, sentir, mais nada. Passado o transe e a mistura de sensações neuro-sexo-(i)lógicas, quando vai perceber não sentiu foi nada ou sentiu mais do que devia). Então, diante daquele achado não resisti e decide tê-lo ao seu lado sem se importar com possíveis defeitos e rezando por sua durabilidade. O efeito que a coisa provocou foi tão grande que não se preocupou em verificar se realmente era a tampa que faltava. Como saber? Como saber por onde anda aquela metade inteira que se encaixa perfeitamente em você (alma, corpo, coração) se temos a constante mania de se perder (oh, mas também é exercício de aprendizagem e que deveras não se aprende nunca), perdemos o prumo, perdemos o rumo.

Viajando pelo mundo das idéias e analisando racional, inteira e detidamente sobre metades que se completam, toda mulher deveria fazer um test driver antes de levar para casa seu possante, não para tomar conhecimento de direção (óbvio) e/ou manuseá-lo - isso é coisa que se aprende com o tempo, ainda que possa, algumas vezes, sair desgovernado – mas para medir o nível de confortabilidade: se tem o tamanho ideal para comportar todo o espaço e demais funcionalidades do produto. A falha na observação causará desconforto, desprazer, angústia, carência, raiva, sensação mórbida de que o problema está com você e demais neuras que varia de pessoa para pessoa, não necessariamente nessa ordem ou concomitantemente. Sem contar que pode gerar inúmeras dores de cabeça (ainda que presumivelmente inventadas), isso sem falar em possível dor real, daquelas que vem do útero, como se uma navalha cortasse-lhe as entranhas (como o efeito inverso do sapato). Isto porque a mulher também tem suas medidas o que denota que não tem essa de vantagem ou desvantagem em relação a tamanho como se propaga por aí, ainda que se afirme em possível elasticidade. Mas como a gente não vai sair por aí pegando e/ou provando tudo, isso é coisa que fica só no campo da imaginação (mas bem que se poderia antes de consumar a escolha e se meter em qualquer furada pedir para ver a documentação, tipo uma questão de segurança). Tá, longe de mim a banalização (bom seria maior preservação de ambos os sexos, sim ambos, não me venha com essa que neste aspecto somos desiguais, e, portanto, devemos ser tratados na medida de sua desigualdade), mesmo porque não é a coisa mais importante numa relação e creio haver possíveis maneiras de contornar a situação. Compensar os excessos ou a falta que só um abraço doce e quente Pode proporcionar em meio a afagos e carícias preliminarmente concedidas.

A verdade é que observando todas as coisas belas e dada a sua perfeição, a forma e harmonia como se inteiram, toda pessoa deve ter um par (de asas) perdido ou achado por aí nesse mundão de Meu Deus! Daí a gente espera, não espera, pega estrada, segue o curso, corta caminho ou roda como numa ciranda, muda o rumo, erra/acerta o passo e cruza com alguém que nos faz experimentar sensações até então desconhecidas porque vindas de um jeito novo. Que nos faz delirar, provocar uma sinergia, um descompasso em meio ao calor trêmulo dos passos, o desejo ardente de perde-se naquele abraço, embriagar-se de beijos, fundirem-se entreolhares e entregar-se com paixão. O novo, vestido de flores, sol e sorrisos, tecido de algodão bordado de carícias e coração. Doce como algodão-doce e leve, com a leveza que só as plumas tem. E mesmo banhado de chuva é como um beijo cítrico molhado que te aquece ao tempo que provoca arrepios. Deseja vesti-lo, sentir colado à pele o teu avesso, o vestido mais perfeito, e reza para que te caia bem, que te vista como uma luva, que se encaixe perfeitamente em você, na medida certa do/para o amor, sem mais.


Angella Reis

14 comentários:

Felisberto T. Nagata disse...

...texto inteligente...bem encadeado...na medida certa!
...e eu, não posso comentar...porque ainda "existe" só e somente só, o desejo, de encontrar a minha "outra" metade...e nem nos meus devaneios, imagino como será, em sua plenitude de idealização, esta...
Bom final de semana!

Anônimo disse...

De contornos imprecisos essa façanha que é encontrar alguém que nos transborde.
Nem sempre nos damos chance ou nos são oferecidos ensaios, não é mesmo, Angela? Chegamos e já temos que enfrentar o palco principal.

Ótimo final de sábado para você!

Alexandre Lucio Fernandes disse...

Amar faz com que surja contornos de possibilidades, e aspectos a serem levados em conta na alma. Reações que se manifestam, meio que nos laçando e nos movendo sem que possamos ter um controle total. O perigo é apenas esse. No mais, acho que dá pra contornar as questões mais profundas, pairarmos para sentir mais do que pensar. Que tudo se torna mais saudável. Não é fácil... Mas quem disse que seria?

Beijos

Luna Sanchez disse...

Adorei, Angella!

Já tive o pensamento "grávido" tantas e tantas vezes de ilusões que criei...Hoje, mais esperta, acho graça do que já fantasiei.

Um beijo.

Lilá(s) disse...

Um texto muito bem, construido. Encontrei a minha metade há 26 anos, aos longos destes anos temos limado arestas, pequenas imperfeições...a minha metade completa-me.
Bjs

Pena disse...

Estimda e Genial Amiga:
Uma narração profunda. Faz pensar e reflectir sobre a vida. O mundo de todos nós.
Fá-lo sem rancor ou desprezo, mas com sinceridade, ternura, encanto e pureza.
Já sumariei em mim e no que sou.
Brilhante lição de vida.
É uma pessoa séria, doce e muito sensível ao encanto do Planeta das emoções.
Fantástica, pura e linda.
Beijinhos amigos de pureza.
Sempre a admirá-la com respeito profundo.
Muito mais havia a dizer, mas fica para outra oportunidade, sim, maravilhosa amiguinha pura?
Agradecido pela sua visita de sonho.
MUITO OBRIGADO sincero.

pena

Adorei.

Pena disse...

Estimda e Genial Amiga:
Uma narração profunda. Faz pensar e reflectir sobre a vida. O mundo de todos nós.
Fá-lo sem rancor ou desprezo, mas com sinceridade, ternura, encanto e pureza.
Já sumariei em mim e no que sou.
Brilhante lição de vida.
É uma pessoa séria, doce e muito sensível ao encanto do Planeta das emoções.
Fantástica, pura e linda.
Beijinhos amigos de pureza.
Sempre a admirá-la com respeito profundo.
Muito mais havia a dizer, mas fica para outra oportunidade, sim, maravilhosa amiguinha pura?
Agradecido pela sua visita de sonho.
MUITO OBRIGADO sincero.

pena

Adorei.

Anônimo disse...

Agradecendo a visita Angela, e adorando estar aqui ! Eu vivo cada poema, cada texto, cada verso... Bjs! My.

chica disse...

Tuas crônicas sempre encantam,Angela! Eu tenho a minha cara metade perto de mim há mais de 40 anos,rsrs... beijos,lindo dia!chica

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Que texto maravilhosamente inspirado!
E que delícia esse amor que brota no nosso coração, fazendo pulsá-lo e provocando sensações até então desconhecidas!
Mas algumas peças para sem encaixarem precisam de ajustes, mas valem a pena!
Principalmente quando colocamos Deus à frente desse amor para suaviza-lo, e ao mesmo tempo fortalece-lo, e que todas as tormentas que surgirem possam ser superadas.
Uma ótima semana!
Beijo!!!
Mariangela

Vanuza Pantaleão disse...

Linda Angella, mas que texto justinho e na medida certinha para quem gosta de amar, mas amar mesmo a sua cara metade ou a sua metade tão cara no sentido de boa e desejada.
Amo o que escreves, menina...
Sinto-me presenteada em ser tua amiga! Um carinho sem fim...

Luara Quaresma disse...

Você escreve lindamente ein, adorei.

Benno disse...

a melhor forma de se completar é já ser completo e independer da pessoa que amamos. se duas pessoas dizem a cada dia que querem continuar, apesar de se sentirem livres e independentes para seguirem sozinhas, terá reafirmado o seu amor e aí a completude será perfeita. Beijos

Charles Canela disse...

Se eu perceber que você está ficando “convexada”, eu “concavando”, sem conjecturas, me rendo a essa perspectiva de um encaixe perfeito.

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