Não devemos esperar do outro.
Atribuir-lhe responsabilidades pelas expectativas que nele depositamos.
Começamos errado quando agimos assim. Cada pessoa é um ser único, com suas
histórias, dores, alegrias, manias, medos, desejos e sonhos. Como atribuir a alguém
algo tão complexo; se não conseguimos atender, deveras, nossos próprios anseios?
Quando não temos para conosco o cuidado necessário, a atenção devida? E tantas
vezes nos boicotamos, por razões diversas e até então desconhecidas, por medo
ou pelo desejo inconsciente de voltar ao útero, de retornar a origem primeira
das coisas. Um lugar onde possamos nos sentir seguros, sem as cobranças
diárias, nossas, dos outros. Que possamos apenas ser. Mais nada.
Não, não espere!
Não espere o amor que foi dado. O amor
foi dado porque você deu. E você deu porque o amor era seu. E será sempre seu,
meu, nosso. O amor dado é também doado, e amor doado não espera ser retribuído,
porque quanto mais amor se dá, mais amor se tem. E não se pode querer mais
ainda o que já transborda em você. E se transborda é porque te basta. O amor
basta a si mesmo. E se basta, é combustível. E se é combustível, movimenta-se.
E se movimenta, pulsa. E se pulsa, vive. O amor vive em si mesmo.
Não espere, mas a gente espera. A gente
espera que o Outro também nos ame. E se isso não acontece de imediato, a gente
reza que venha a acontecer. A gente espera que o Outro também se encante. A
gente espera retribuição da atenção que foi dada. A ternura e o carinho
dispensados. A gente espera que o Outro ligue pra gente, se a gente também
ligar. Ou que ligue se a gente não ligar.
A gente não só espera do Outro, a gente
espera o Outro. A companhia num fim de tarde de céu azul. Caminhar de mãos
dadas (na praia, no parque ou em qualquer lugar). Contemplar o mar. Ver o
nascer e o por do sol. Contar as estrelas no céu. Admirar a lua. Enroscar-se
debaixo do cobertor assistindo àquele filme desejado. Ouvir juntos uma boa
música. Jogar conversa fora. Trocar idéias sobre livros. Ir a museus, teatros e
cinema. Fazer uma viagem, com direito a viajar dentro da própria viagem.
Compreensão nos dias e horas difíceis...
A
gente espera, mesmo sabendo que não deve esperar.
Angella Reis
Um comentário:
Olá, querida Ângela
É tempo de agir e não viver de espera... tem toda razão...
Feliz 2014!!!
Bjm fraterno
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