Há momentos em que tudo o que a gente
precisa é de alguém que nos escute. Que a gente possa despir-se por inteiro.
Dar vazão ao que há de melhor ou pior dentro do peito, sem preocupação se vamos
encontrar no olhar e/ou semblante aprovação ou reprovação por qualquer
conduta.
Não precisamos de carrascos, de
ninguém que nos aponte o dedo, que nos mostre falhas e erros porque deles já
sabemos de cor. Ninguém é perfeito. Cada um sabe a dor e prazer de ser o que se
é.
Carregar nossas neuras, angústias
e medos, é um peso muito grande quando não se pode dividir. É maravilhoso poder se abrir, convidar alguém
a entrar, sem haver a necessidade de se trancafiar, esconder a bagunça toda,
tudo que está fora de ordem, ou ter que empurrar a sujeira para debaixo do
tapete. Ficar às claras, sem meias palavras, sem meio termo. Confortável. À
vontade para desabafar, expressar os sentimentos mais profundos, os quais só
ousávamos contar ao travesseiro, porque não haverá julgamentos, muitos menos
pré-julgamentos sem conhecimento de causa.
O que a gente precisa mesmo é
aceitar nossa humanidade, sem culpas, e sermos mais tolerantes com a humanidade
do outro. Sem essa de cobrar, cobrar-se, culpar e culpar-se tanto por tudo. Dar-se
o desconto. Não nascemos melhorados. Estamos e estaremos sempre em processo de
transformação. O importante é perceber que não era bem por ali, pegar uma nova
estrada e recomeçar. Ter uma atitude positiva, fazer um balanço das coisas, ver
o mundo com uma nova perspectiva. Mudar. E isso não se resume só aos desacertos,
mas também aos medos, ilusões e a inúmeras coisas que nos impede de ir adiante.
Que nos fazem retornar sempre ao mesmo ponto de partida, a alguma coisa que
ficou mal resolvida e que por isso você precisa sempre voltar, como se
caminhasse em círculos ou como se uma parte de você nunca tivesse saído do
lugar.
Falar sobre aquilo que nos prende
e machuca tanto é uma espécie de antídoto para curar a ferida. Ainda que, na
prática, deixar quietinho, adormecido a um canto nos pareça ser a melhor saída. Tipo: deixa aí, com o tempo vai
passar; Não, não passa enquanto não resolver e não cuidar. Poder deixar fluir,
vir à tona o que há nas profundezas é também uma forma de lidar com os
conflitos e crises, redescobrir-se, reconciliar consigo mesmo. Harmonizar o
universo interno e a partir daí a relação com o mundo. Enfim, possibilitar o
encontro. E no final perceber que o “fantasma,
monstro ou gigante” ou seja lá o que for
que te devorava por dentro não era tão assustador, feio ou grande assim. Dos
males, o menor. Há salvação!
____ Angella Reis
Ps. Sobre saber escutar a si e ao outro. Ao que perpassa no universo interno de cada um. Mas, a verdade é que nem sempre estamos atentos a isso e muitas vezes não estamos ou não queremos estar abertos ao outro. Nem sempre estamos dispostos a ouvir o que o outro tem a falar, ao que está sentido, É muito mais interessante e cômodo compartilhar as alegrias. Os problemas, cada um que se cuide. É muito mais nobre e enriquecedor como ser humano e pessoa estar junto não importa as circunstâncias e/ou tempo. É belo, é doce, é fortalecedor dizer e ouvir, Vai ficar tudo bem. To por aqui. :)
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